A Ata divulgada nesta terça-feira (8) pelo Copom adotou uma linguagem mais assertiva para compensar a decisão de iniciar um ciclo de reduções mais audacioso de 0,50 ponto percentual, de acordo com a percepção dos economistas
A Ata divulgada nesta terça-feira (8) pelo Copom adotou uma linguagem mais assertiva para compensar a decisão de iniciar um ciclo de reduções mais audacioso de 0,50 ponto percentual, de acordo com a percepção dos economistas
Ilustração economia (Pixabay)
A ata divulgada nesta terça-feira (8) pelo Copom adotou uma linguagem mais assertiva para compensar a decisão de iniciar um ciclo de reduções mais audacioso de 0,50 ponto percentual, de acordo com a percepção dos economistas. Essa inclinação é evidente, afirmam eles, não apenas na indicação de que a velocidade de 50 pontos-base é a mais apropriada para as próximas reuniões, mas também porque o Comitê elevou os critérios para que uma intensificação desse ritmo possa ser considerada.
Especificamente, os analistas destacam o parágrafo 18 do documento, que menciona a necessidade de "surpresas positivas substanciais" para aumentar ainda mais a confiança na trajetória desinflacionária como um dos fatores condicionantes. Entre essas "surpresas", estão mencionadas uma ancoragem mais sólida das expectativas, um fechamento mais contundente do hiato do produto ou uma dinâmica mais favorável do que a esperada na inflação de serviços.
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Na opinião de Marco Caruso, economista-chefe do Pic Pay, esse tom "hawkish" (inclinado a políticas monetárias mais restritivas) do documento era esperado, uma vez que o Copom precisa controlar a trajetória futura das taxas de juros após iniciar a flexibilização de forma mais agressiva. Caruso destaca que o ponto crucial é que o Comitê estabeleceu um alto limiar para acelerar o ritmo dos cortes.
A preocupação do Copom é evitar que o mercado antecipe grandes chances de aceleração no ritmo dos cortes, como para 0,75 p.p. ou mais. O que eles estão comunicando é que o cenário principal é de vários cortes de 50 pontos-base, mantendo esse ritmo e estabelecendo um alto limiar para qualquer aceleração.
De acordo com Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, a Ata reforça o cenário de cautela do BC, apesar da escolha de um corte de 0,50 p.p. Ela observa que o documento abordou os riscos que afetam as expectativas de inflação a longo prazo, mencionando ajustes fiscais incertos e possíveis políticas parafiscais, como crédito direcionado, que podem manter a desancoragem parcial das expectativas.
A economista Mirella Hirakawa, da Az Quest, destaca que a Ata esclarece os motivos que levaram o BC a optar por um ritmo inicial mais rápido para os cortes de juros. Ela elogia a transparência sobre a função de reação tanto do grupo mais cauteloso de diretores, que votou por um corte de 0,25 p.p., quanto do grupo mais "dovish" (inclinado a políticas monetárias mais expansionistas) que definiu o corte de 50 pontos-base.
Segundo a economista, a Ata comunica claramente que o BC procura manter um padrão elevado para a eventual aceleração do ritmo de corte de juros. Ela enfatiza que as condições para essa aceleração estão estabelecidas e que a taxa Selic deve encerrar o ano em 11,75% de acordo com a projeção da Az Quest.
André Nunes de Nunes, economista-chefe do Sicredi, destaca que a Ata detalha o porquê da evolução do cenário desde a última reunião permitir acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo de flexibilização gradual, de 0,50 p.p. Ele ressalta que a comunicação do Comitê já apontava para a parcimônia, mesmo com um cenário mais favorável, o que não justificaria uma revisão dessa sinalização.
A Ata também enfatiza a importância do trabalho independente do Comitê, destacando o impacto potencial da influência política em sua composição. Em relação à taxa de juros ao final do ciclo, a Ata indica que o BC compromete-se com uma abordagem de cautela e serenidade, mantendo a taxa em território contracionista ao longo do ciclo.
A linguagem mais rígida da Ata reforça a sinalização do BC de que os cortes de 0,50 p.p. serão mantidos nas próximas reuniões, com uma abordagem de postura contracionista para o horizonte de projeção. No entanto, o documento também permite uma flexibilidade para ajustar o plano de acordo com a evolu
A comunicação do BC visa a desencorajar expectativas de uma aceleração mais significativa dos cortes e, ao mesmo tempo, mantém a possibilidade aberta, embora condicionada a surpresas positivas substanciais. A visão geral dos analistas é que o BC está adotando uma postura prudente e flexível, buscando equilibrar os estímulos necessários à economia com os desafios de ancoragem das expectativas de inflação.
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